domingo, 3 de julho de 2011

O JEITO É TE DEIXAR PRA TRÁS


Se nada do que foi vivido tem valia, se nenhum dos meus sentimentos foi amor, o jeito é te deixar pra trás. A vida se prolonga a cada raiar do dia ao invés de encurtar, eu tento aquietar meu coração, mas ele só faz doer, bater a reclamar das feridas... Essas causadas por você.
A cidade me engoliu e agora vivo em meio de monumentos de cimento, e respiro o ar letal da selva de pedras e tudo isso só, sempre só! Deixei minha razão tomar conta do meu âmago para não ter mais sentimentos a me dominar. A tela que você coloriu lindamente um dia, hoje tem somente cores frias a sobrepondo... Meu arco-íris se apagou no seu céu depois da tempestade!
É uma arte saber deixar para trás as roupas que já não servem, os sapatos apertados, utensílios sem uso. E é a mais dolorida realidade usar esta arte para tirar do coração o que não sai do pensamento e assim também o oposto, matar em ti um sentimento que sobrevive independente da sua vontade, porém paralelo a ela.
Infelizmente não podemos comprar a vida que gostaríamos de ter já que sentimentos são abstratos e já vem atrelada a dor... Somos donos do nosso destino, podemos escolher o caminho, mas nas entrelinhas existem os sentimentos que fazem boa parte das nossas escolhas escorrerem entre o vão da dúvida! E graças às entrelinhas eu já não tenho outra escolha a não ser o titulo deste texto... Pois é! Então... O jeito é te deixar pra trás, arrancar do meu livro as paginas escritas por você e se não for o suficiente, queimá-las, transformar em cinzas todos os capítulos da minha vida onde seu nome passou, transformar em cinzas os sentimentos que não valem a pena serem sentidos, transformar em cinzas, cinzas... E soprá-las ao vento, assim como se sopra a florzinha dente de tigre, soprar para ver se desfazer diante dos olhos o que um dia foi inteiro.
Gleice de Andrade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário